sexta-feira, agosto 11, 2006

As origens

Para hoje decidi escrever sobre as origens da Astedixie Jazz Band. Já lá vão uns anitos desde que isso aconteceu. Foi no início do Outono de 1998 que uma banda alemã de dixieland, a Mr. Jelly's Jam Band, deu um concerto no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra. Nessa altura o dixieland era praticamente desconhecido para nós. Já tínhamos ouvido qualquer coisa, mas aquele concerto a que alguns de nós assistiram foi o «click» que precisávamos para dar início a este projecto.

Logo se estabeleceu um contacto com essa banda alemã, de modo a podermos ter uma perspectiva mais exacta sobre o que era o Dixieland e o que é que devíamos fazer para levar o nosso projecto para a frente. Por diversas vezes fomos a casa do Mike, cá em Portugal, conversar com ele e ouvir algumas músicas. A gentileza dele era tanta que chegou a fornecer-nos algumas partituras para que pudéssemos começar a trabalhar.

A constituição inicial da nossa banda era um pouco diferente da actual. Inicialmente, faziam parte da banda os seguintes elementos: Miguel (clarinete); Júlio (bandolim); Celso (trompete); Gonçalo (trompete); João (banjo); Renato (tuba); Pedro (bateria). No entanto, alguns dos elementos iniciais, uns por motivos profissionais, outros porque optaram por seguir com outros projectos, resolveram abandonar a banda. Foram eles o Gonçalo, o João e, mais recentemente, o Júlio, que foi o grande mentor da banda. As saídas destes elementos, algumas prematuramente, foram difíceis de ultrapassar, mas a vontade de continuar com este projecto era muito grande. Assim, houve necessidade de se encontrar outra pessoa que ocupasse o lugar do João. Foi aí que entrou o Nuno e, durante alguns anos, a Astedixie Jazz Band manteve esta estrutura. Porém, com a ida do Júlio para o estrangeiro, por motivos profissionais, a banda perdeu mais um elemento.

No entanto, as alterações à estrutura da banda ainda não tinham ficado por aqui. Depois de termos participado no II Festival Internacional de Dixieland, em Cantanhede, que em muito contribuiu para a nossa evolução, chegámos à conclusão que faltava algo à nossa banda. Precisávamos de alguém que tocasse trombone. Assim, no início de 2006, a Sandra resolveu arriscar. Nunca tinha tocado trombone, mas tinha duas coisas muito importantes: Força de vontade e gosto pelo dixieland. Deste modo, a Astedixie Jazz Band é constituída pelos seguintes elementos: Miguel (clarinete); Sandra (trombone); Celso (trompete); Nuno (banjo); Renato (tuba); Pedro (bateria).

Actualmente, passados praticamente oito anos desde o seu nascimento e depois de todas as vicissitudes por que a banda passou, a Astedixie Jazz Band continua com o espírito que sempre a caracterizou: o espírito Dixieland.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Concerto no Porto - 5 de Agosto de 2006

No dia 5 de Agosto de 2006, a Astedixie Jazz Band rumou ao Porto, para mais um concerto. Desta feita, o concerto estava inserido na 8ª Festa da Cerveja, que decorreu no Passeio Alegre, na Foz. Para este concerto contámos com a colaboração de duas pessoas: O Rui, na bateria e na tábua de lavar roupa; E o Adriano, na trompete.

O dia começou bastante cedo, mas só para alguns elementos da banda. O Banjix, por exemplo, pôde ficar mais tempo a dormir, uma vez que ainda ía trabalhar antes de partir para o Porto. Mas já lá vamos... A partida deu-se por volta das 9h. O check-sound de palco estava agendado para as 11h30, por isso não nos podiamos atrasar. Conta quem lá esteve que, depois do check-sound, a monotonia e o Síndroma de Moleza Pós-Almoço se instalaram. Sendo assim, decidiram dar um passeio até à beira mar, só para ver se a temperatura estava um pouco mais baixa. O baterista que foi connosco (o Rui) disse que, ainda assim, a água estava um bocadinho fria. "Ao princípio não se notava muito", mas quando deixou de sentir os pés é que se apercebeu que a água estava fria demais para o seu gosto.

Por volta das 19h chegou o Banjix, pronto a dar cabo da monotonia que se tinha instalado. Acabou por ser a presença do nosso amigo Rafael que animou um pouco a malta. Fartou-se de contar sketches dos Gato Fedorento e... Acreditem que ele tem mesmo jeito para aquilo!

Com a chegada das 19h30 chegou a hora do jantar. Estando nós no Porto, que ementa é que poderíamos escolher? Francesinha, pois claro!

Bem, mas como o motivo que nos levou ali não foi avaliar a francesinha, a seguir ao jantar fomo-nos preparando para o concerto. Seguindo os rituais do costume (vestir a "farda" e afinar os instrumentos) lá se foi aproximando a hora de subirmos ao palco. Era 21h45 quando se deram as primeiras notas e o recinto estava praticamente lotado, antevendo-se um bom concerto. Durante uma hora e quinze minutos, fomos tocando temas que caracterizam o Dixieland, tais como Willie The Weeper, When You're Smilling, Bourbon Street Parade, At A Georgia Camp Meeting, entre outros.

No final, o cansaço era bem visível. Mais de uma hora a tocar sem intervalo e com o calor que se fazia sentir (apesar de ser de noite) não é tarefa fácil. Mas todos nós estavamos satisfeitos, pois o concerto acabou por correr bastante bem. A gravação ficou feita, não deixa mentir (muito).

quinta-feira, agosto 03, 2006

O Dixieland

Para dar início a este blog, nada como começar do início, ou seja, quais as origens do dixieland e quais as características deste estilo de música.

Quando se fala em Dixieland, ou simplesmente dixie, é importante conhecer também a sua origem.
Por volta do séc. XVIII, nos Estados Unidos, houve uma forte imigração de escravos, sequestrados ao continente africano.
Para além do sofrimento, estes escravos trouxeram consigo alguns objectos pessoais, entre os quais instrumentos musicais. Com medo que o uso destes instrumentos servissem de incentivo a algumas revoltas, os escravos foram alvo de uma grande censura, que os proibia de se exprimirem musicalmente ou até mesmo através dos seus dialectos.
Com a libertação dos escravos, toda a censura que era feita sobre eles, nomeadamente ao nível da actividade musical, deixou de se fazer sentir. Com a disponibilidade de instrumentos musicais, em que muito contribuíram os velhos instrumentos de bandas militares, e a oportunidade de se poderem exprimir musicalmente, estavam criadas as condições para o nascimento do Jazz.
A música Dixieland é um estilo de Jazz que nasceu no início do séc. XX, em New Orleans, e que rapidamente se espalhou até Chicago e Nova Iorque pelas New Orleans Bands, durante a década de 1910.
New Orleans é a maior cidade do estado de Louisiana, onde coabitavam brancos, afro-americanos, entre outros.
Um passeio pelas ruas de New Orleans era certamente acompanhado pelos sons de blues, ritmos africanos, folk songs e ragtime.
Com todas estas características, New Orleans teve um papel fundamental no nascimento e expansão do jazz, sendo o palco para a melhor produção jazzística, quer em qualidade quer em quantidade, entre 1895 e 1917.
Nesta altura, a atmosfera social, muito aberta e livre, era única nesta cidade. Pessoas de diferentes grupos étnicos podiam conviver e comunicar com grande facilidade, permitindo o aparecimento de uma nova e rica cultura musical. Não é por acaso que esta grande e animada cidade seja considerada o berço do Jazz.
Inicialmente, o jazz era ouvido em eventos sociais, como bailes, inaugurações, casamentos e em desfiles fúnebres (!), em que a banda saía da igreja tocando marchas fúnebres até ao cemitério e, na volta, ia acelerando o ritmo, entoando temas mais alegres.
Este tipo de música (o Dixieland) é considerado como o verdadeiro tipo de jazz e é a primeira música que se refere ao termo "jazz" (antes de 1917 o termo utilizado era "Jass"). Este estilo combina o Ragtime e o Blues com a improvisação colectiva, com o som definitivo a ser criado pela improvisação simultânea do trompete, do trombone e do clarinete.
Embora o termo Dixieland seja largamente usado, continua a ser um termo que gera alguma polémica. De um lado estão os que defendem que o termo "dixieland" se deve referir às bandas da costa Oeste Americana; No outro lado estão os que o adequam aos músicos de New Orleans e à música das bandas Afro-Americanas dos anos 20, havendo ainda quem defenda que deve ser utilizada a terminologia "Classic Jazz" ou "Traditional Jazz".
O que é certo é que foi o Dixieland que deu origem ao Jazz e, por isso mesmo, não é totalmente errado dizer que o dixieland é o Jazz no seu estado mais puro e original.